quarta-feira, 26 de dezembro de 2012

Clown

- És uma estrela quando estás em palco, diz ele. Ele mente para me fazer feliz. Eu sei; e fico feliz na mesma :)

sexta-feira, 21 de dezembro de 2012

Pain is so close to pleasure

É uma letra dos Queen.

E eu acho que estou a descobrir o meu lado maso.
Na segunda fui à fisioterapia. Era o homem a esmagar-me a contratura e eu a apreciar a dor.
No fim, deixou-me duas bandas de kinesio taping nas costas. Andei a semana toda com uma pinta de desportista impressionante.
Aliás, mais pinta de desportista só mesmo se fizesse desporto.

quinta-feira, 20 de dezembro de 2012

24h de náuseas

Vomitei palavras, e aliviou.

Karma

Bolinha de sabão: se te tocar, desfaço-te. Se não te tocar, desapareces.


 
 
Há pessoas assim, como bolas de sabão. Bonitas; mas efémeras.
Ou então, no fundo, somos todos bolas de sabão - para algumas pessoas, em alguns momentos.

Best of não-memórias parte 1

Hoje decidi escrever as minhas memórias.
Que romântica estou.
Para o caso do mundo acabar amanhã. Se não for nada apocalíptico, pode ser que o computador sobreviva.
E se depois reencarnar num bicho qualquer, nem que seja unicelular, pode ser que reaprenda a ler, a ligar o computador, e venha cá lembrar o que me contaram que andei aqui a fazer. Tudo hipóteses muito viáveis.

1986 - Foi o ano em que nasci. Não posso dizer que tenha sido um começo muito auspicioso. Tiveram que me dar umas palmadas para chorar. Deve ter sido aí que aprendi que o melhor é disparar qualquer coisa boca fora antes que me batam. Aparentemente, estar calada não é solução.
Diagnosticaram-me logo ali à nascença toxoplasmose. Só há poucos anos é que descobri que é tecnicamente inviável eu ter tido toxoplasmose. Segundo a pediatra que me dava aulas, se eu tivesse mesmo nascido com toxoplasmose, não podia estar a assistir à aula dela naquele momento. De qualquer forma, foi diagnosticado e está registado no meu boletim de saúde. Até fiz tratamento. O tratamento incluía atividades lúdicas interessantes para recém nascidos, como picar o pescoço várias vezes consecutivas até me encontrarem uma veia para fazer análises. Vá lá que pelo menos a medicação efetiva era dada em gotinhas. Mesmo assim, chegou para ficar com medo de injetáveis. Até hoje. (Desculpa D. o trauma a que te expus quando treinaste a tua primeira intramuscular na minha nádega, não era nada contigo, juro).

1987-1988 - Tinha o cabelo muito rarinho. A minha mãe arranjou uns laços com umas tiras autocolantes e espetava-me aquilo na careca para toda a gente ver que eu era uma menina. Em compensação deu-me de mamar até perto dos dois anos.

[Pronto, por hoje chega. Vai dormir Maria, que o teu mal é sono.]
 

Mim

Que saudades tinha de uma boa insónia. Saudades desta atordoação, sensação de formigueiro cerebral excitado. Às vezes dou por mim a sentir-me pessimamente, desfeita. E então observo-me de fora - ou de dentro, sei lá... - e reconheço como é maravilhoso sentir-me tão mal.
Sentir - no geral - é fantástico. É uma oportunidade.
Espero em latência tempo infinito sem sentir. Mas estou materializada; e poder tocar, cheirar, sorrir e estar em êxtase é tão válido como remoer, sentir raiva, revolta e frustração. Sinto com intensidade, e desde que seja assim, vale a pena.
Depois é observar, guardar a sensação e assumir que viver é um espetáculo incomparável.

Gente, gente...

Tudo tão maravilhosamente diferente, tudo tão ridiculamente igual.

Que 2013 me traga

Um cu com enchimento de chumbo, que me impeça de levantar nos dias que mais vale estar mesmo quieta.
Asas nos pés, que me façam voar nos dias que valham mesmo a pena ser vividos.

Detetor de inquietação

Oitenta por cento da noite com insónia. Aquele pensamento recorrente "só queria que inventassem um gravador de pensamentos".

quarta-feira, 19 de dezembro de 2012

Done

 
***
Era só mesmo para ser o título e a imagem, mas não consigo deixar de reparar como é curioso... tanto em tão pouco.

Escolha

Se eu me encontrasse com esta imagem num poste qualquer, tirava todos os papelinhos.


sábado, 15 de dezembro de 2012

terça-feira, 11 de dezembro de 2012

Caliente

Senti que te aproximavas no meio da noite. Vinhas até mim, e eu libertava todo o calor que tinha para te dar. Aqueci-te, sinto que te aqueci. Estavas cada vez mais perto - e tu também, cada vez mais quente. A nossa relação era escaldante, talvez um pouco demais para ti. Foi então que tocaste nos meus botões. Mas o que parecia ser uma atração infinitamente poderosa, depressa se revelou uma desilusão. Eu arrefeci, tu também. O espaço onde estávamos arrefeceu. Tinhas-me desligado.
Ass.: O Aquecedor

segunda-feira, 10 de dezembro de 2012

Cólica cardíaca

Quem já teve uma cólica a sério vai perceber o que digo. Mas é preciso remeter-se a uma boa cólica, daquelas valentes, que dá suores frios e arrepios de dor, que dá a sensação de morte eminente.
Volta e meia, sofre-se de cólicas cardíacas.
Na tentativa de se libertar dessa opressão ridiculamente persistente, o coração insiste em apostar numa alternativa aos flatos, já que esse órgão é fisiologicamente incapaz de os produzir - as palpitações. Não!, disse mal - os estrangulamentos cardíacos, será mais adequado. São tantos e tão fortes, que reduz o "coração a sair pela boca" a uma expressão para meninos.
O corpo treme todo, da cabeça aos pés. A visão fica turva, o pensamento toldado. A barriga aperta, como se levasse um soco mas não conseguisse sentir dor. O corpo contrai. A respiração transforma-se num arfar aflitivo. Quase se consegue ver a olho nu a descarga de hormonas que se lançam na corrente, completamente desorientadas: adrenalina, dopamina, endorfinas... todas as "inas" que, presentes em quantidades vestigiais são, ainda assim, capazes de reduzir o nosso corpo e tudo o que está dentro dele a um autómato imbecil. E quando se exacerbam os sintomas em simultâneo? É a mímica perfeita de um ataque de pânico e ansiedade. Como se nos cruzássemos com um leopardo enfurecido e descobríssemos que temos os pés colados aos sapatos, e os sapatos colados ao chão.
É mau, mau demais. Como uma doença psiquiátrica que alterna períodos alucinatórios com momentos de lucidez. Como se não nos pertencêssemos mais. Não nos pudéssemos prever, não nos reconhecêssemos naquelas reações biológicas estranhas e desprovidas de sentido, na inacreditável falta de bom senso e sensatez.
A má notícia: não há sanita p'ra aliviar este tipo específico de cólicas.
A magnífica notícia: duram muitíssimo pouco.
Depois, é só o tempo de nos esquecermos o quão exasperante e nocivo para o corpo é, para logo voltarmos a suspirar por um momento mais assim. E põe-se tudo em causa, como um viciado que troca a vida toda por uma droga qualquer.