quinta-feira, 28 de fevereiro de 2013

Pim

Estou cheia, cheia, cheia de vontade de escrever este

. (ponto final)
 
Claro que sou louca.

sexta-feira, 8 de fevereiro de 2013

Acerca das palavras #2

Palavras são más descritoras, ok.
Não transcrevem sentimentos, e essa já nem é nova. Pessoa já o dizia quando escreveu que o "poeta é um fingidor".
Outra coisa que sempre me intrigou. Cores.
Mas nem é por eu sentir cores. É porque é impossível descrever cores também. Não há nada mais aborrecido do que coisas que não se conseguem descrever.
Eu sempre (supostamente) troquei o azul com verde, azul com roxo e vermelho com castanho. Já deu muitas discussões com o homem, quando meses depois de usar umas calças, lhe dizia: "adoro este tom de azul" e ele "azul?? Isso é verde!" - e eu à falta de vontade de querer acreditar que andei a combinar pobremente a roupa durante meses, perguntava a toda a gente que me aparecia de que cor eram as calças. Perdia quase sempre, mas na verdade é uma discussão infrutífera, porque não há forma de ver uma cor diferente, e não há quem me possa explicar, e não dizer o nome, da cor que vê.
Agora, daltonismo não é coisa que se possa provar que existe. Porque as cores apenas têm um nome, e não uma descrição. Ora se o azul que eu vejo for o amarelo que outra pessoa vê, não há forma de descobrirmos. Porque eu diria: azul como o céu, como o mar, como o símbolo do Porto, e por aí fora. Mas se a pessoa vir o meu amarelo onde eu vejo o meu azul, mas lhe chama azul porque aprendeu que é assim que se chama, vivemos para sempre felizes a achar que estamos a ver a mesma cor.
Não se pode explicar a cor a uma pessoa que nunca viu.
As melhores coisas da vida são sui generis. Ou é a vida, no seu todo, e nas suas partes, que o é?

terça-feira, 5 de fevereiro de 2013

Coisas que não percebo, mas gosto [.]

Gosto de sentir-me assim:


Amarelo torrado.

Às vezes acordo e descubro que gosto de um alimento que nunca gostei antes. Sem o provar, sem o ver, sem o cheirar. Acordo, e de repente gosto. Foi assim com quase todos os legumes, um a um.

Às vezes associo pessoas a cores, de forma tão intensa que no cérebro fica tudo misturado. Quando me surge a pessoa, na cabeça ou na frente, aparecem a cor e a pessoa num borrão só. O professor de história era castanho. O meu colega André, da primária, era cor-de-laranja.

Vem-me um paladar à boca, que não consigo identificar. Chega do fundo da memória. Qualquer coisa que provei e gostei, mas cujo sabor ficou perdido no tempo. Eu tento ir atrás dele antes que desapareça. A maior parte das vezes some-se sem que o consiga identificar. E esqueço-me logo dele. Mas quando tenho a sorte de o apanhar, sou transportada no tempo, para memórias que estavam completamente adormecidas.

Mistura-se tudo cá dentro, numa espécie de sinestesia completa de cores, sabores, sentimentos, pessoas e memórias. E cheiros. Com os cheiros é demais.

Há uns tempos vinha a andar pela rua e senti-me amarelo torrado. Lembrei-me que, ainda antes de entrar na adolescência, me sentia muitas vezes assim. Não associava ao amarelo torrado, mas no outro dia recordei o sentimento, e sabe-se lá porquê juntou-se a cor.
Agora ando quente com aquela sensação. Amarelo torrado. Queria sentir-me sempre assim.

E depois amarelo torrado é um nome maravilhoso. Não é bem amarelo. É torrado. E não é tostado. É torrrrrrrrado. Gosto de ti amarelo torrado. Acordei e descobri que gosto de ti. E de alface, feijão e tomate.

Acerca das palavras

Todas as palavras do mundo não chegam para descrever um segundo de amor.
Aliás, bem vistas as coisas, as palavras não servem para merda nenhuma.
Eu amo as palavras, a sério! Mas para que servem elas se nem conseguem descrever o amor que lhes sinto?