sexta-feira, 8 de fevereiro de 2013

Acerca das palavras #2

Palavras são más descritoras, ok.
Não transcrevem sentimentos, e essa já nem é nova. Pessoa já o dizia quando escreveu que o "poeta é um fingidor".
Outra coisa que sempre me intrigou. Cores.
Mas nem é por eu sentir cores. É porque é impossível descrever cores também. Não há nada mais aborrecido do que coisas que não se conseguem descrever.
Eu sempre (supostamente) troquei o azul com verde, azul com roxo e vermelho com castanho. Já deu muitas discussões com o homem, quando meses depois de usar umas calças, lhe dizia: "adoro este tom de azul" e ele "azul?? Isso é verde!" - e eu à falta de vontade de querer acreditar que andei a combinar pobremente a roupa durante meses, perguntava a toda a gente que me aparecia de que cor eram as calças. Perdia quase sempre, mas na verdade é uma discussão infrutífera, porque não há forma de ver uma cor diferente, e não há quem me possa explicar, e não dizer o nome, da cor que vê.
Agora, daltonismo não é coisa que se possa provar que existe. Porque as cores apenas têm um nome, e não uma descrição. Ora se o azul que eu vejo for o amarelo que outra pessoa vê, não há forma de descobrirmos. Porque eu diria: azul como o céu, como o mar, como o símbolo do Porto, e por aí fora. Mas se a pessoa vir o meu amarelo onde eu vejo o meu azul, mas lhe chama azul porque aprendeu que é assim que se chama, vivemos para sempre felizes a achar que estamos a ver a mesma cor.
Não se pode explicar a cor a uma pessoa que nunca viu.
As melhores coisas da vida são sui generis. Ou é a vida, no seu todo, e nas suas partes, que o é?

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